Jejum Intermitente: não para todos, mas certamente para alguns

Abster-se de comer durante um período pré-determinado (JEJUAR) é uma prática milenar, adotada em condições de escassez de alimento ou por motivos religiosos ou culturais. 

Estudos demonstram que animais e humanos “aprenderam a se adaptar”, ao longo do tempo, às situações de privação calórica. Para não sucumbir ao risco extinção da espécie, o stress nutricional foi capaz de gerar um micro-ambiente celular mais favorável no que diz respeito ao equilíbrio metabólico, anti-inflamatório, antioxidante, de renovação celular e longevidade.

O racional biológico de que o jejum prolongado por mais de doze horas consecutivas esgotaria as reservas energéticas mais prontamente disponíveis (representada principalmente pelos carboidratos) e levaria a uma maior mobilização dos estoques de gordura corporal serviu de base para testá-lo como estratégia para o emagrecimento.

Na busca de validar essa hipótese, estudos utilizando modelos animais foram conduzidos, com resultados diversos. A principal crítica a esses estudos é que os resultados obtidos em animais não podem ser extrapolados para humanos, por motivos constitucionais óbvios.

Estudos em humanos com robustez científica ainda são inconclusivos e diferem em suas metodologias. Geralmente possuem um número pequeno de participantes e são de curta duração. Estudos mais curtos tendem a possuir desfechos mais favoráveis à intervenção, talvez pelo motivo comum à maioria dos estudos de emagrecimento: a aderência é maior no início e as taxas de abandono são consideráveis. Em estudos mais longos, há uma tendência à aproximação das curvas dos resultados (não) sustentados.

O jejum intermitente já mostrou-se capaz de promover benefícios metabólicos, sobretudo em relação à resistência insulínica. Em um estudo recente de curta duração (14 semanas), a perda de peso foi estatisticamente superior ao grupo comparado. Também houve uma resposta favorável na pressão arterial e pareceu relacionar-se a melhora do humor e disposição nos seus praticantes contumazes.

Entretanto, numa avaliação global de vários estudos, a perda de peso parece estar relacionada ao menor número de refeições e calorias consumidas pela limitação do tempo de alimentação ao longo do dia e, não se mostrou superior a outras estratégias de restrição calórica.

De qualquer forma, o jejum intermitente se mostrou seguro e com boa taxa de aderência nesse estudo de curta duração, podendo ser utilizado como uma estratégia nutricional a ser periodizada em indivíduos que o toleram bem e conseguem controlar o consumo calórico durante a janela de alimentação.

https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/2794819: Jejum Intermitente: não para todos, mas certamente para alguns

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